Se dúvidas houvesse, as ditas foram esclarecidas. Os resultados eleitorais para a Presidência da Republica demonstraram claramente que existe uma força política em rápida ascensão, que se chama, "CIDADANIA".
Atentos os resultados eleitorais a nível Nacional, importa realçar a expressiva votação nos dois candidatos que concorreram sem apoio de qualquer partido ou força política coligada. Assim, o Dr. Fernando Nobre e o Snr. J.M. Coelho obtiveram uma votação que, se somada aos votos em branco, expressam uma rejeição pelos candidatos apoiados pelos partidos políticos e, reflexamente, por estes mesmos partidos, mormente o partido do poder. Mesmo a expressiva vitória do Prof Cavaco Silva não pode servir de colagem aos partidos que desde o primeiro momento o apoiaram, pois que, foi a personalidade do candidato que levou à obtenção dos votos e não o seguidismo partidário, salvo, claro está, as excepções.
Pelo que se viu, é bem provável que a vitória do Prof Cavaco Silva fosse ainda mais expressiva sem a colagem partidária, apesar de, este sempre ter afirmado que a sua candidatura era supra partidária.
Mas voltemos à expressiva votação nos candidatos que a "solo" se submeteram ao sufrágio ; esta votação é fruto do mérito dos candidatos, mas a meu ver, e no respeito por opinião diversa, é igualmente fruto do demérito dos políticos que desde o 25 de Abril têm agido como se a Democracia fosse palavra morta e o País uma quinta que lhes pertencesse. Quer dizer, os partidos que se têm alternado no poder usando e abusando da falta de cultura política do Povo, (já que lhes continuaram a dar o voto) têm transformado a nobre e sublime função de governar em actos de mera divisão de benesses pessoais, olvidando que a rés pública deve ser gerida com rigor e transparência.
A cidadania é uma força política a ter em conta em próximas eleições; os Partidos esgotaram a paciência e o capital de confiança que os eleitores lhes dispensaram e, se da parte destes não houver uma inversão de valores com propostas de execução governativa sérias, o futuro será uma derrapagem bem perigosa para a democracia em Portugal .
A outra força vencedora foi a abstenção que deve ser chamada pelo nome próprio, ou seja, desmotivação , desinteresse. E, por muito que estrebuchem os partidos políticos, os que se abstêm não fazem parte das suas fileiras.
Pessoalmente não concordo com a abstenção na hora de votar, pois que, tal revela uma falta de sentido cívico, e o deixar aos outros a decisão de assuntos que a todos interessa. Se com a abstenção se pretende demonstrar que nenhum candidato ao cargo ou cargos merece o benefício da dúvida expressa através do voto, então que se vote em branco, já que, este é o modo de demonstrar aos candidatos e aos partidos que os apoiam que nenhum tem perfil para o cargo.
Eleito com uma votação maioritária representativa de metade dos Portugueses votantes, o candidato vencedor também não se sentirá confortável nessa maioria. Apesar disso, merece os votos de parabéns e os desejos de uma Magistratura feita de rigor na defesa dos superiores interesses do País.